Diz CN na Causa Liberal:
(...) «não há guerra que não seja feita em nome do Estado (do nosso, do deles, dos que querem um, dos que querem expulsar outro para o substituir por outro ainda).
Em nome do capitalismo ninguém faz guerras.»
E concluí:
«Eu tenho uma proposta democrática, defendida pelo campeão do Liberalismo Clássico, Ludwig von Mises: A inclusão de disposições constitucionais que definem um processo político pacífico pelo qual uma minoria territorial pode reclamar a autonomia e independência. Quando uma aldeia, vila, cidade, região, reunir em referendo um consenso superior a 2/3, a sua vontade deve ser democraticamente respeitada e postos em prática mecanismos políticos e económicos conhecidos de antemão. Desta forma, a violência em nome de causas separatistas, fica em descrédito».
Penso que a questões estão longe de serem tão simples assim. É evidente que um regime de liberdade fundado numa ética capitalista tem mais probabilidades de controlar e reduzir a conflitualidade social e política, nela se incluindo as eternas reivindicações de autonomia ou independência de comunidades mais ou menos alargadas. Como também é óbvio que o esquema do Estado-Nação, desenhado, na Europa, nos últimos três séculos, é amplamente incapaz de dar resposta a anseios regionais ou mesmo locais de muitas comunidades. Isso é, actualmente, facilmente identificável na Europa, mas tem sido sobretudo em África que ele se manifestou com maior violência nas últimas décadas, nos conflitos de etnias tribais pela conquista e pelo domínio do aparelho de Estado.
Só que o fenómeno do terrorismo, que não sendo tão recente como se pode pensar, só recentemente adquiriu uma dimensão planetária e de dimensões incalculáveis, não está preocupado com as questões precedentes. Ele é, sobretudo, uma guerra de valores, no caso islâmico, e um conflito de criminosos fanáticos, no caso mais próximo da ETA. Contra o ocidente e os seus valores (em parte, grande parte, da liberdade e do mercado), aos quais são imputadas frequentemente origens satânicas, no fanatismo islâmico, e contra a democracia liberal, no caso espanhol, que vezes sem conta, por via mais do que sufragada, declarou a ETA e os partidos que a apoiam, como largamente minoritários e não representativos da população basca.
Por último, ao não se tratando de uma guerra convencional, nem, sequer, de uma guerra de guerrilha (no sentido de Carl Schmitt), mas de uma forma ignóbil de tentar politizar o massacre de inocentes, os actos que a originam integram-se na categoria de crimes, que põem em causa direitos fundamentais dos indivíduos, pelos quais lutaram e se sacrificaram, gerações inteiras de liberais, socialistas, democratas e gente de toda a espécie. São, por conseguinte, crimes contra a humanidade e o seu valor fundamental da liberdade, que devem receber uma resposta civilizacional e não política.