A presença de tropas militares e forças policiais de diversos países actualmente no Iraque foi sancionada, por unanimidade, mediante uma Resolução do Conselho de Segurança da ONU;
O Governo de Durão Barroso disse sempre que as forças da GNR estariam no Iraque apenas até Junho;
O Governo de Aznar disse que as tropas espanholas seriam retiradas em Junho do Iraque, podendo eventualmente manter-se mais algum tempo, no quadro de uma intervenção ou assunção de responsabilidades por parte das Nações Unidas no processo de reconstrução do Iraque,
O primeiro-ministro eleito Zapatero disse exactamente a mesma coisa: que as tropas ficariam até Junho, tal como era compromisso do Estado espanhol, mas que as mesmas seriam retiradas se não existisse uma passagem de soberania para os iraquianos ou não fosse criada uma solução política no âmbito da ONU;
O Presidente George W. Bush disse que as tropas americanas começariam a retirar em Junho (no que foi acusado de “abandono e desistência”), por forma a possibilitar a progressiva passagem de poderes para o Governo transitório, sendo desejável que existisse uma maior intervenção da ONU no apoio à reconstrução do Iraque;
Porque é que uns acham que existe "desistência e capitulação" se nada foi alterado?
Porque é outros gritam "vitória" se tudo se mantêm como até aqui?
Num pequeno àparte, e para se ver como as Nações Unidas são a galhofa geral dos Estados, veja-se aqui o texto da Resolução aprovada dia 11/3. E aqui o incómodo de todos.
Hoje veio o Bloco de Esquerda apresentar uma interpelação ao Governo a propósito do Iraque. E é impressionante como se pretende distorcer a verdade:
- “Esta situação[retirada espanhola], isola ainda mais o governo português, confinando-o, na Europa, já quase exclusivamente a uma aliança com Blair e Berlusconi”. Mais á frente é feita nova referência ao “isolamento do governo português”.
A Europa é um bocadinho maior do que isso: dos 25 países que vão constituir brevemente a EU, 22 deram apoio à intervenção da Coligação no Iraque. Apenas a Bélgica, a França e a Alemanha não o fizeram. Quem é que está isolado?
Depois pergunta se o Governo “pretende manter as forças da GNR no Iraque ou retira-las, seguindo o exemplo espanhol”. Mas, caramba, não estava já agendado (pelo Governo Aznar e Barroso) a saída das tropas em Junho? Zapatero não mudou uma linha do que tinha dito anteriormente. Não vale a pena irem por aí.
Faz-me impressão que quem, supostamente, deveria ser mais internacionalista e solidário, tome atitudes tão mesquinhas.
É ou não necessário neste momento a presença de tropas e forças policiais estrangeiras por forma a garantir a estabilidade política e étnica, assegurar o regresso do Estado de Direito, a segurança dos cidadãos, a livre circulação de pessoas e do pessoal das agências internacionais de auxílio, do pessoal da ONU e outras organizações humanitárias?
Deve aquele povo sacrificado ser abandonado à sua sorte, sem qualquer forma de auxílio nem condições para o estabelecimento mínimo de uma vida normal?
Têm medo de que a forças policiais no Iraque sejam atacadas ou que existam ataques terroristas no nosso território? Claro, todos temos. Mas é o risco necessário para sermos livres, para ajudar quem precisa, para sermos solidários nos momentos difíceis. E isso não tem preço.