Não sei quando começou mas recordo que, aquando da queda da ponte de Entre-os-Rios , se falava dela como de algo imprescindível. Refiro-me à ajuda psicológica.
O Estado português falha questões essenciais como fiscalizar o estado das pontes ou desenvolver uma política eficaz de combate aos incêndios florestais mas não nos falta com a ajuda psicológica.
Aliás os sucessivos governos portugueses têm uma concepção sui generis da ajuda psicológica: quando falham clamorosamente nas suas obrigações chamam rapidamente equipas de psicólogos como se o papel destas equipas fosse tornar aceitáveis as razões das tragédias.
Por outro lado a ajuda psicológica transforma mediaticamente num ser emocionalmente perturbado aquilo que é um cidadão com fortes razões para questionar o modo de funcionamento do Poder. Dum Poder que garante estar tudo bem, um Poder que defende uma espécie de apagamento mediático das notícias sobre os incêndios alegando que os pirómanos se excitam com as notícias sobre os fogos - nesta linha de raciocínio acabaremos a fazer notícias excluivamente sobre o Festival da Canção porque toda a notícia é susceptíveld e estimular os criminosos - um Poder que vive de facto num mundo power point onde não existe quadrado nem seta que leve a estes seis mortos.