Teve uma passagem fugaz pela política portuguesa, mas sem dúvida das mais marcantes. Um dos pais fundadores do actual regime, assumiu-se desde logo como o seu primeiro e maior crítico. Terá sido até à data o único político de rupturas e de opções claras, rejeitando sempre o conforto paralizante do "nim". Pessoas com a sua fibra, provocam naturalmente a adesão incondicional ou a rejeição, a idolatria ou o ódio. Na sua breve passagem pelo Governo, procurou construir uma imagem de estadista, muito embora toda a sua actuação se consubstanciasse no mais puro eleitoralismo, com a preciosa ajuda de Cavaco.
A sua morte prematura ajudou a construir o mito e tornou-o mais consensual: os antigos detractores tecem-lhe os maiores elogios, tão pertinentes quanto hipócritas; os admiradores de sempre, persistem na nostalgia sebastiânica dos "ses".
Uma figura que merecia indiscutivelmente uma análise mais profunda dos historiadores.