27.4.06

NAS PALAVRAS DO REI D. CARLOS...

Durante o debate de hoje no Parlamento, o líder da oposição acusou o actual Governo de ter falhado todas as suas promessas e de já se terem completamente gorado os seus objectivos económicos e orçamentais. De ter subido os impostos para impedir a subida do défice e não ter atingido essa intenção anunciada. De ter aumentado a despesa pública. De ter subido o número de desempregados. De ter admitido mais funcionários públicos apesar de ter prometido exactamente o contrário.
Marques Mendes garantiu que José Sócrates tinha um «enorme descaramento» em badalar medidas que não está a cumprir e assegurou que o governo «não tem moral» porque não está a dizer a verdade aos portugueses.
O primeiro-ministro respondeu que os anteriores Governos do PSD/CDS falharam todas as suas promessas e de se terem gorado completamente os seus objectivos económicos e orçamentais. De terem subido os impostos, apesar de terem jurado que não o fariam, para impedirem a subida do défice não o conseguindo. De terem aumentado a despesa pública. De terem subido o número de desempregados. De terem admitido mais funcionários públicos embora tenham prometido exactamente o contrário.
José Sócrates garantiu que Marques Mendes tinha um enorme «desplante» em criticar as medidas anunciadas pelo Governo e constatou que a oposição «não tem moral» por ter andado a mentir aos portugueses.

Ouvia este arrazoado enquanto viajava de carro e o meu nojo crescia até atingir níveis fisicamente indesejáveis.
Mas não posso deixar de assentir em que os dois têm toda a razão: essas acusações recíprocas são genericamente verdadeiras e o país está como está porque anda a ser mal governado há demasiado tempo. E os portugueses queixam-se, lamentam constantemente a sua sorte, mas, tal como as jovens ignorantes e crédulas dos romances baratos de antigamente, acabam sempre por acreditar na próxima promessa eleitoral por mais descabida que seja e ainda que o D. Juan de serviço esteja desprovido de qualquer encanto e já os tenha enganado uma e outra vez.
Quando finalmente mudei de estação não pude deixar de pensar que, tal como há 100 anos, ainda somos "um país de bananas governado por sacanas". E, por muito tempo, assim continuaremos.