4.7.06

Chega de Futebol!

Está na altura de deixar a linguagem da bola e voltar à política, pura e dura. Este post pretende justamente esquecer o excesso de futebol que tem invadido muitos blogues portugueses e fazer um ponto da situação do que se passa no campo político que tem estado muito esquecido. A política e o liberalismo são os verdadeiros alicerces deste blogue e são esses os temas que os nossos leitores devem encontrar por aqui.

Deixemos a bola. No campo da política, o governo continua a dominar a agenda.### A oposição mantém-se muito lenta, dando todo o espaço à equipa do governo. Não fazem marcações ministro a ministro nem sectoriais e aparentam ter sempre menos elementos em campo. No entanto, apesar das facilidades concedidas pela oposição, o governo não tem aproveitado bem os espaços. Rematam muito, mas quando se analisa as repetições, apercebemo-nos que os remates têm pouca força e direcção e raramente entram na baliza, apesar do estardalhaço na comunicação social que se farta de gritar golo antes de tempo. Um dos problemas mais sérios e que está longe de estar resolvido, é o problema financeiro. Apesar do aumento sistemático das cobranças, o governo continua sem dinheiro para fazer face aos enraizados e crescentes hábitos de consumo dos membros da sua equipa.

A substituição por lesão de Freitas do Amaral veio mesmo a calhar. A estrela da equipa de Sócrates fartou-se de perder bolas e de marcar golos na própria baliza e se Sócrates perdeu uma estrela, ganhou certamente uma equipa mais coesa. Apesar dos aplausos, a oposição ficou a perder. É melhor jogar contra uma equipa com um Amado à defesa e um Freitas ao disparate do que com um Severiano à defesa e um Amado no estrangeiro.

Quem continua mal é Mário Lino. Muito individualista, aparentemente busca um contrato milionário e estará prestes a consegui-lo, sem pensar nas consequências para o futuro da equipa. Esperemos que o presidente esteja atento às simulações.

Soube-se hoje que há algumas complicações com o Simplex. Aparentemente, o programa esbarra na forte barreira da burocracia e não consegue penetrar facilmente na máquina do estado, sempre muito bem defendida. A ideia de conseguir ultrapassar a burocracia com passes longos seria óptima se não fossem os foras-de-jogo sistematicamente assinalados pelos especialistas no joguinho de passe curto e para o lado.

Até agora, Cavaco Silva apenas mostrou um cartão amarelo, num caso evidente de uma proposta à margem das leis. De resto, tem deixado jogar, sem grandes interferências. Os ministros já se aperceberam que podem jogar à vontade, desde que não ultrapassem os limites, até porque desde que o anterior presidente abriu um precedente, já se sabe que o cartão vermelho pode ser usado, se o jogo não estiver a correr de feição.

Estamos a meio da primeira parte. Para já, não há muitos aplausos nem muitos apupos, mas o público pode não estar disposto a aguentar muito tempo este empate. E se a coisa não começa a melhorar, podem mesmo exigir a mudança do treinador...

Estes são os assuntos que verdadeiramente interessam ao país. Estranhamente, parece que anda tudo com a bola na cabeça...