9.7.06

E no último dia do Mundial um post sobre histórias do futebol

Agora que o Mundial está quase a acabar confesso que vou ter saudades de ler os textos do Ferreira Fernandes. Eu que vivi anos a pensar que o esférico era um jogador do Futebol Club do Porto e que tenho uma relação muito distanciada com o fenómeno futebolístico não perco um dos textos que o Ferreira Fernandes assina sobre futebol.
Não faço a menor ideia onde Ferreira Fernandes desencanta as histórias que conta, nem sequer sei se são muito ou pouco conhecidas. Sei apenas que ele as conta e os outros colunistas que escrevem sobre futebol nunca escrevem sobre coisas como aquelas que ele recorda hoje no «Correio da Manhã»:

«O princípio da Mundialidade foi em 1930, os meus pais já tinham nascido, não foi na Pré-História. E no entanto...O Uruguai, que organizava o primeiro Mundial, não tinha treinador e, mesmo assim, tornaram-se campeões. Na noite anterior, durante o jantar, os jogadores decidiam qual a equipa e as tácticas do jogo. Um futebolista era particularmente ouvido: Pedro Gestido. Pudera, o seu irmão, Óscar, era o presidente do país. O primeiro jogo de um Mundial foi o França-México, num subúrbio de Montevideu, Pocitos. Assistiram mil pessoas, que viram o primeiro golo mundial da História, do francês Lucien Laurent. E viram o mais traidor de um capitão: o também francês Alex Villaplane, que seria morto pela Resistência francesa, em 1944, por colaborar com os ocupantes nazis.Os franceses, que não passariam da fase de grupos, foram decididamente os campeões das pequenas histórias. No desafio com a Argentina, perdiam por 1-0, o seu jogador Marcel Langiller isolou-se e correu para a baliza deserta ? faltavam seis minutos para os 90. O árbitro brasileiro decidiu, porém, que era o momento para acabar o jogo e apitou. Sururu, o fiscal de linha lembrou ao árbitro que o seu relógio não era exactamente suíço, o brasileiro fez ar de grande espanto e recomeçou o jogo.»