A vitória de Evo Morales nas eleições para a Constituinte já foi saudada por Daniel Oliveira e pelo Bloco de Esquerda. Nestas eleições havia o risco, que não me parece totalmente afastado, do proto-ditador Evo Morales conseguir lugares suficientes na Assembleia Constituinte para mudar as regras do sistema político de forma a consolidar o seu poder (começando por mudar a limitação de mandatos com efeitos retroactrivos e com o objectivo declarado de beneficiar o próprio Morales) . Evo Morales nunca ocultou as suas verdadeiras intenções tendo ele e os seus apoiantes declarado recentemente que a Constituinte* serviria para consolidar o poder do MAS. Não veremos o Bloco e o Daniel Oliveira preocupados com questões constitucionais, com a separação de poderes, a limitação de mandatos ou com um sistema de checks & balances. Eles estão sempre dispostos a defender a democracia ilimitada, pelo menos enquanto o povo votar nos seus ídolos. De certa forma, o apoio dos herdeiros da UDP a Evo Morales são uma homenagem a esse grande constituinte de 1975 que foi Américo Duarte.
* Lembro aos mais distraídos que uma Constituição é suposto ser uma lei imparcial que regula jogo político e limita os abusos de poder. Mas estou certo que os herdeiros de Américo Duarte a vêem como mais um meio para atingir os seus fins políticos.