O comendador José Berardo coleccionará os cromos dos Morangos com Açúcar? Esperemos que não caso contrário acabaremos a ter de disponibilizar mais um edifício, funcionários e fundos para que a colecção de cromos se constitua como uma colecção internacional e como tal tenha também cromos do Marco e da Heidi.
Note-se que me parece absolutamente desejável que o CCB, Serralves ou um qualquer museu exibam temporariamente a colecção Berardo. E que além de de desejável me parece muito interessante que Berardo invista em Arte e se mostre disponível para partilhá-a com os restantes mortais.
O que não é normal é o acordo feito com a Fundação Berardo em que o estado português se compromete durante dez anos a cuidar, zelar e aumentar a colecção que continua pertença de José Berardo. O comendador Berardo é um excelente homem de negócios e tratou brilhantemente dos seus negócios. Infelizmente não se pode dizer o mesmo do Governo português.
Registe-se ainda que a Arte não foi apenas um excelente investimento para o comendador. Paulatinamente Berardo deixou de ser o homem da lavagem da cupão e tornou-se num homem da cultura. Quem se recorda dele antes da t shirt preta? Nada em Portugal constrói uma melhor imagem de alguém do que ser declarado como gente da cultura. Nesse mundo que se convencionou chamar da cultura as poses e os hábitos fazem o monge.