A coisa afinal é bem pior do que se julgava: a rapaziada do Irão, liderada por um sujeito franzino, com ar de débil mental recalcado, a fazer lembrar o célebre Iznogoud de Goscinny, tem urânio enriquecido e poderá juntar-se brevemente ao selecto «clube nuclear». Por ora, a utilidade do avançado material não passa a de um potente combustível. Provavelmente, para dar gás à revolução islâmica. Isto mesmo foi hoje comunicado pelo famigerado Mahmud Ahmadinejad, o referido presidente do Irão, a uma assistência composta por padres, guardas da revolução e mulheres embrulhadas em xailes, e, obviamente, a um mundo apanhado de surpresa.
Numa altura em que o ocidente europeu se entretinha a debater o direito do Irão aceder ou não ao nuclear e as boas ou más intenções dos seus governantes, o antigo guarda da revolução não se ficou pelos ajustes e anunciou que já lá está. Doravante, as consequências são imprevisíveis, e o Ocidente tolerante e anti-americano bem pode começar a fazer as contas à vida. Mais uma vez, como é da sua tradição, continuará a agachar-se até se lhe ver os fundilhos das calças.
Mas, já quanto às causas, não restam dúvidas: foi Bush o culpado! Ou não terá sido ele quem, ao invadir o Iraque, destruiu a geopolítica do Médio Oriente, permitindo o crescimento do Irão? Ou não foi ele também que, ao apoiar cegamente a ditadura terrorista de Israel, acirrou os ódios locais? Na nova «moral» internacional, não existe moral, nem responsabilidade individual. A culpa é sempre do Bush que, naturalmente, é uma espécie de mordomo dos romances da Agatha Christie: é o primeiro suspeito e sempre o culpado.
Se, por um destes dias, o Irão construir a bomba nuclear e semear por aí umas tantas, a culpa é de Bush: porque foi causa e consequência, porque não invadiu, ou porque invadiu e não devia ter invadido, porque invadiu cedo ou tarde de mais. Do Ahmadinejad e daquele selecto grupo perante quem hoje discursou é que não será certamente. É tudo gente bem formada, pacífica e cheia de amor ao próximo. A política internacional é uma coisa maravilhosa!