6.4.06

Nebulosas

Toda a questão em volta da Colecção Berardo é típicamente pouco clara. Onde se misturam intencionalidades políticas, negócios e interesses privados e total obscuridade sobre responsabilidades e compromissos financeiros.

1. A chamada Colecção Berardo será actualmente composta por 4 mil peças, incluindo pintura, cerâmica, fotografia, artes decorativas, mobiliário, etc.

Mas, embora num primeiro momento se diga que «O acervo do Museu será constituído principalmente pela designada Colecção Berardo, devendo, previamente, constituir-se um anexo ao Protocolo com a indicação das obras de arte que integrarão a referida colecção;».

posteriormente fala-se apenas de «a partir de 863 peças dessa colecção, criar um núcleo permanente do Museu Colecção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea em Lisboa», sendo que ministra se refere apenas à «colecção de pintura de nível internacional».
Desde logo, se conclui que não se assegurou a permanência, por 10 anos, em Portugal da Colecção Berardo, mas apenas de parte da mesma, nomeadamente de um determinado acervo de pintura.
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2. Sendo certo que «há quase dez anos a esta parte, o CCB guarda e conserva, nas suas reservas, por protocolo sucessivamente renovado, a colecção Berardo», o qual, pelos vistos, terá importado em elevados custos para o contribuinte, pegunta-se se tais custos passados foram tidos em consideração, e se os mesmos dizem apenas respeito às peças de pintura, ou se o Comendador conseguiu obter um local permanente de armazenamento de toda a restante colecção à custa do contribuinte.

3. Se «O Coleccionador José Manuel Rodrigues Berardo (JMRB) cederá a Colecção por Contrato de Comodato, por um período de 10 anos» porque é que «O Coleccionador José Manuel Rodrigues Berardo exercerá vitaliciamente o cargo de Presidente Honorário da Fundação»?

4. Cada uma das parte entrará anualmente com 500 mil euros para aquisições. No fim da vigência do Protocolo, para quem ficam as peças adquiridas?
E o direito de opção previsto em favor do Estado, será com base nos valores da avaliação de 2006 ou de 2016?

5. «Serão efectuadas obras no CCB que venham a mostrar-se necessárias para instalar o Museu», sim, mas quem as paga?

5. A futura ocupação integral do Centro de Exposições do CCB ajudará a justificar o desejo de Antonio Mega Ferreira de finalização da construção do projecto inicial do CCB?

6. E finalmente, porque é que o Protocolo não está disponível aos contribuintes?