10.4.06

PRÓS & CONTRAS europa e sagrado

Uma irreprimível sensação de incómoda estranheza ao ver César das Neves sentado na mesma cadeira que ocupei há uma semana (bom, mas o cardeal está no assento de Octávio Teixeira...).
O sector católico trouxe claque: uma chusma de "Morangos com Açúcar", a tresandar a colégio com nome de santo, que se senta no palco e nas coxias fingindo serem jovens.
Entre António Barreto e César das Neves a minha inclinação não oferece dúvidas.
Fátima Bonifácio encetou uma via discursiva - «a minha Europa é branca e é cristã» - que caso fosse ensaiada por alguém dito de direita (por exemplo, os que estão no outro lado do palco) seria objecto de interpretações pouco abonatórias.
César das Neves perde qualquer sombra de lucidez perante a proximidade de um paramento - aquela de que «estamos diante de um dos três portugueses mais importantes do mundo» arrepiou-me pela melada bajulação que encerra.
Entretanto, o "terceiro português mais importante do mundo" repete-se, repete-se, repete-se...
Será que alguém ali já leu o livro do Samuel Huntington "Who Are We", em que o pensador reflecte precisamente acerca da mesma questão através do prisma americano?
Imperdoável, os "laicos" terem deixado passar aquela de que «a fé e a razão sempre foram conciliáveis».
Espero que não falem apenas dos fundamentalistas muçulmanos e também refiram os do lado de cá.
A posição freitista do cardeal - «houve exageros de ambos os lados» - acerca da crise dos cartoons deu-me vontade de rir...
Inteligentemente, o cardeal e o acólito estão a desviar a discussão para o Islão e o resto está a ficar esquecido.
Barreto brilhou agora (finalmente): «As religiões separam os homens».
(ao intervalo) Esperava mais dos laicos, César das Neves é quem é, e o cardeal demonstra muita coragem em estar ali.