11.7.06

Leituras: «O Orientalista»

A vida de Lev Nussinbaum é tão inverosímil que caso fosse ficção não seria credível.
«O orientalista» de Tom Reiss, para além de uma surpreendente e fascinante biografia de um personagem verdadeiramente incrível, é simultaneamente um retrato de uma Europa em verdadeira convulsão - do Azerbeijão, da Arménia, passando por Constantinopla, Praga, Berlim, Paris, Nova York, Roma.... - cobrindo as primeiras quatro décadas do século XX.
Tal como Lev - aliás Leo, aliás Essad Bey, aliás Kurban Said - se ia permanentemente adaptando em grande estilo camaleónico para sobreviver, também a Europa de então (aparentemente tão diferente, mas na realidade bem próxima de nós), se reinventava a si mesma, vertiginosa e caoticamente em todas as direcções possíveis.
N'«O Orientalista» apercebemo-nos como parte significativa da realidade em que nos movemos hoje foi «parida», de como todos os radicalismos, todos os fanatismos e tiranias irromperam, também com o contributo dos «deserdados» da história, dos nostálgicos de glórias míticas e dos sonhadores de mundos perfeitos.