17.7.06
Prof. Louçã fala de economia
Francisco Louçã voltou a exibir despudoradamente os seus dotes de empreendedor. Desta vez resolveu responsabilizar pela falta de produtividade da economina portuguesa os empresários portugueses de sucesso que saem da indústria, onde de acordo com o sábio Louçã está o núcleo da inovação, para entrar no comércio e nos serviços financeiros, actividades onde de acordo com o Prof. de Economia Francisco Louçã nos limitamos a vender coisas uns aos outros. Para além do óbvio preconceito contra o sector terciário, que nos países mais ricos representa mais de 70% do PIB, Louçã mostra aqui uma grande vontade de fazer a microgestão da economia que já tinha demonstrado em situações anteriores. Já tivemos o Louçã administrador da indústria automóvel. Mas também já tivemos em tempos o Louçã empresário têxtil. Curiosamente as soluções do Louçã administrador da indústria automóvel são semelhantes às soluções do Louçã empresário têxtil: design. Para ambos o segredo está no design e não na inovação tecnológica. Ora o design parece-me uma actividade perigosamente próxima do comércio e dos serviços financeiros. Aliás, suspeito que, não tarda nada, aparece por aí o "Louçã pequeno comerciante" que nos explicará que a salvação para o pequeno comércio, essa actividade em que as pessoas se limitam a vender coisas umas às outras, passa por melhorar o design das montras ou dos produtos vendidos ou quem sabe da menina que está a atender. Só é pena que todo este talento para o empreendedorismo esteja a ser desperdiçado no comércio de banha da cobra na política.