10.3.05

Inovação estatística

O grande erro da Agenda de Lisboa é a ideia de que a tecnologia é um fim, e não um meio para resolver problemas e ganhar dinheiro. Quem manda nos mercados é o cliente, e o cliente não quer saber da forma como o produto ou serviço que deseja é produzido. A única coisa que o cliente quer é o produto barato, a tempo e horas e dentro das especificações.

Cada agente económico deve perguntar a si próprio: o que é que as pessoas querem? E só depois é que pode passar à pergunta: como é que eu posso produzir o que as pessoas querem da forma mais económica possível? A resposta pode não passar por tecnologias de ponta. Pode não passar por investimentos cujos resultados só serão conhecidos dentro de uma década. Planos de inovação são em si mesmas uma contradição porque por definição uma inovação é imprevisível e não pode ser planeada.

A agenda de Lisboa e os planos tecnológicos como o do eng. Sócrates correm o risco de alimentar um mercado de produtos políticos em que os clientes são os governos e os produtores são as universidades e as empresas. O objectivo dos produtores não será a produção de bens e serviços úteis à população, mas a produção de estatísticas para que os países possam subir nos índices de inovação.