Anda por aí um curioso conceito de justiça que diz que aqueles que mais ganham, que são também aqueles que mais valor produzem para outros, devem pagar mais impostos, em termos percentuais, que aqueles que menos ganham, e que são também aqueles que menos valor produzem para os outros. Ou seja, aqueles que se prepararam durante toda a vida, que são rigorosos no que fazem, que desempenham exemplarmente uma profissão e que por isso agradam aos seus clientes ou empregadores ao ponto de estes lhes pagarem voluntariamente mais de 60 mil euros por ano devem ser penalizados por isso. Aqueles que não se prepararam, que trabalham pouco e mal e que não produzem nada de valor devem ser subsidiados com rendimentos mínimos. Que se chame a isto solidariedade, ainda se aceita, embora estejamos a falar de uma forma de solidariedade imposta pelo estado. Agora que se lhe chame justiça é que não faz sentido nenhum.
O slogan «os ricos que paguem a crise» não reflecte nenhum conceito de justiça digno desse nome. Trata-se na realidade de um slogan cujo objectivo é redistribuir dinheiro dos que produzem bens e serviços que a sociedade valoriza para os que não contribuem com absolutamente nada para o bem estar dos outros.