19.4.06

BREVE RESPOSTA AO RUI

Eu fui e sou contra aquela "constituição" europeia por motivos que já expus abundantemente. Discordei, sobretudo mas não só, da forma da sua elaboração e do espírito intergovernamental que a assombrava.
O que não significa que não deva existir uma reforma institucional e procedimental na UE - mas nunca aquele trambolho giscardiano.
As razões neste teu texto, Rui, infelizmente, continuam prenhas do mesmo tipo de argumentação que tão pouco sucesso obtiveram no debate acerca da defunta "constituição":
- ou este tratado ou o caos (mais, certamente, a peste, a fome e a guerra...).
Isso não é verdade, como sabes muito bem. A UE pode revitalizar-se, e muito, a partir do momento em que enterre definitivamente o "zombie" expelido pela Convenção giscardiana e interiorize a necessidade de se reformar e adaptar à actual realidade de modo simples e objectivo - que é como quem diz, quando, finalmente, se libertar dos sonhos napoleónicos de muitos que têm tido um papel decisivo na condução dos seus destinos nos últimos anos. Aquela "coisa" não era a forma singular de melhorar o funcionamento da UE - e os esforços acéfalos no sentido da sua repristinação estão a impedir qualquer esforço sério de fazer uma boa reforma.
Ser europeísta também é considerar que a construção europeia não é uma via de sentido único e que muitos caminhos são possíveis. Pelo contrário, insistir nos erros do passado, como é o caso do nítido resvalamento na tua posta, é o pior serviço possível a quem quer que a UE se faça, caminhando.
A UE não acabou, mas há muitos fundamentalistas da "constituição" que, paradoxalmente, parecem apostados em extinguir o melhor que aquela tem.