14.5.05

Darth Vader é um personagem de ficção



Modelar a vida real à imagem dos contos de fada pode ser uma ideia tentadora, mas muito pouco produtiva. Principalmente em política. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, os ditadores não são personagens intrínsecamente más, não são uma espécie de representates de Diabo na terra. Alguns até têm uma sólida formação moral, vão à Igreja, convivem com os amigos, emocionam-se como o Dr Sampaio e amam os seus filhos, a sua mulher e as suas amantes. Na maior parte dos casos até acreditam que estão a defender o Bem contra o Mal. E não podem passar sem uma corte de cidadãos íntegros e igualmente bem intencionado, cuja função é defender a nação e o estado dos seus perversos inimigos. Os ditadores vêem-se a si próprios, e são vistos por muitos dos seus seguidores, como paladinos, do povo, da nação e da causa.

Nem existe essa coisa do Mal Absoluto. Existem, isso sim, as paixões, os ódios e as ambições muito humanas e que nada têm de metafísico. Que não se pense que existem ditadores bons, defensores dos pobres e desfavorecidos, como Fidel Castro, e ditadores nos quais o Mal encarna, como Pinochet. Existem é diferentes formas de cada ditador lidar com as suas paixões, com os seus ódios, com as suas ambições, com os seus adversários políticos, com as condições políticas do momento e com a manutenção do poder. A ditadura não se explica com o Mal. Explica-se por razões muito humanas. Demasiado humanas.