20.5.05

DARTH VADER



George Lucas finaliza de forma notável a saga da «Guerra das Estrelas» iniciada há 28 anos atrás sob a forma, então, de um filme quase ingénuo de «space opera». Aí sobressaía já a personagem de Darth Vader, que há medida que a saga avançou se foi transformando na personagem central de toda a trama.
Ignoro se Lucas já fazia, nessa altura, ideia da evolução da história. Mas admito que sim, já que, ainda no primeiro filme, se dá nota da origem Jedi do vilão, espécie de traidor a uma ordem espiritual sagrada, anjo caído em que se transforma pela ambição de a superar e de se tornar maior do que ela.
Com o segundo ciclo da saga, a «Guerra das Estrelas» deixa de ser uma «space opera» sofisticada, para se converter definitivamente numa alegoria sobre o mal. Vader, ou melhor, Anakin Skywalker, é, definitivamente, o anjo caído, o preferido de Deus, o eleito que se deixa consumir pelas suas paixões, neste caso, pela sua paixão, e pelo desejo insane de tocar luz, o conhecimento que o poderá levar a ultrapassar o mistério da morte.
Lucas invoca, assim, num filme notável e intenso, os mitos luciferinos relatados pelas religiões reveladas e que são abordados por alguma tradição esotérica. A história de Vader é, no fim de tudo, a do anjo que estava tão próximo de Deus que cedeu à ambição de o querer ultrapassar, segundo a versão cristã, em busca da luz e do conhecimento, de acordo com o esoterismo luciferino. De toda a forma, a história da queda.
É, portanto e como não poderia deixar de ser, apesar de fascinante e belo, um filme muito triste.