«Se a direita continuar a bloquear a realização do referendo sobre o aborto, Jorge Coelho, coordenador da comissão permanente do PS, defende que os socialistas têm a "obrigação moral" de fazer aprovar a despenalização da interrupção voluntária da gravidez pelo Parlamento. »
Assim se inicia um texto no Público, assinado por Eunice Lourenço.
Ao omitir as aspas, a jornalista transforma a opinião de Jorge Coelho em facto: a existência de bloqueio por parte da direita.
Claro que o leitor mais atento recorda-se da existência de uma maioria parlamentar socialista e que a aprovação de propostas de referendo apenas depende dessa mesma maioria, não estando condicionado pela necessidade de acordos com outros partidos. No texto, nunca é feita referência a tal facto. O que também nunca é referido é a evidente condução atabalhoada de todo este processo por parte dos socialistas, nomeadamente por parte de Alberto Martins. E a tentativa de deitarem culpas próprias para cima dos outros é de uma demagogia primária.
