5.5.05

Leituras: The World is Flat.



"The World is Flat. A brief History of the Twenty-first Century" é uma obra de Thomas L. Friedman, publicada em Abril de 2005 pela editora Farrar, Straus and Giroux, New York. A edição analisada é a primeira edição norte-americana.

T.L. Friedman desenvolve o conceito segundo o qual o advento da tecnologia informática permitiu que, circa o ano 2000, o processo de globalização tenha atingido uma terceira fase, fazendo com que, pelo menos em termos funcionais, o mundo tivesse deixado de ser uma esfera e tivesse passado a ser flat, no sentido em que os vários países e as pessoas em geral passaram a poder competir ao mesmo nível, designadamente ao mesmo nível de tecnologia.

Para o autor, a Globalização desenvolveu-se em três fases: a Globalização 1.0, entre 1492 e 1800, assistiu à globalização de países; a Globalização 2.0, entre 1800 e 2000, registou a globalização de companhias; já a Globalização 3.0 permitiria aos indivíduos dedicarem-se a colaborar e a competir a uma escala global. Este último desenvolvimento ter-se-ia dado na sequência do desenvolvimento de um "global fiber-optic network" (pág. 10). Para Friedman, "anything that can be digitalized can be outsourced" (pág.14).

O autor identifica um conjunto de 10 passos (Flatteners) que concorreram para tornar o mundo plano, começando pela queda do muro de Berlim (o 11/9), que o autor, aliás, coloca em contraponto relativamente ao 9/11.

Na sequência das alterações políticas e tecnológicas, ter-se-iam verificado um conjunto de convergências, a última das quais seria a entrada, para a competição global, de um conjunto de três biliões de pessoas, ou seja, a população da China, da Índia, da Rússia, da Europa de Leste, da América Latina e da Ásia Central.

Aspecto crucial, na perspectiva do autor, é que "In a flat world, you can innovate without having to emigrate"(pág. 185).

O livro dá conta de um conjunto extenso de viagens e de entrevistas realizadas pelo autor. Para Friedman, múltiplos países e territórios passaram a inserir-se no que designa como "global supply chain". A inserção de um país nessa cadeia "is like striking oil" (pág. 421).

O livro é portador de uma mensagem globalmente optimista, preconizando, na parte final da obra, uma secção, sem dúvida, poderosa, que cada sociedade se deve interessar mais pelos dreams do que pelas memories.

Como comentário, poderemos dizer que esta obra constitui um importante documento para compreender o estado da globalização na altura em que a mesma foi escrita, sendo isto verdade independentemente de qualquer juízo de valor que cada leitor possa entender fazer sobre aquilo que é descrito e sobre as opiniões defendidas.

José Pedro Lopes Nunes