24.5.05

O refugiado eleito

Ao contrário do meu amigo CAA, que se espanta com a escolha de António Guterres para Alto Comissário para os Refugiados das Nações Unidas (ACNUR), eu até compreendo e entendo que, de entre os 5 candidatos, e atendendo à função a desempenhar, provavelmente, António Guterres seria o melhor candidato.

Eu explico.
Dos restantes 4 candidatos, 3 eram claramente piores, atendendo ao cargo a desempenhar:
- o francês Bernard Kouchner, ex-representante da ONU no Kosovo, com tudo o que isso significa de falhanço total relativamente aos problemas de refugiados da região, práticas pouco claras, exercício de poderes ditatoriais e descricionários, complacência com atrocidades e violações graves dos direitos humanos, cumplicidade com as potências ocupantes, compadrio e corrupção, etc., etc.
- O dinamarquês Soren Jessen-Peter, chefe da missão da ONU no Kosovo. Totalmente a evitar, pelas mesmas razões do anterior.
- o tunisino Kamel Morjan. Certamente pessoa simpática, mas originário e patrocionado por um regime personalista, ditatorial e nada recomendável em termos de direitos humanos, que ica sempre mal a uma organização como as NU.
- O 5º candidato era Gereth Evans, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália. Sendo para mim um desconhecido, não lhe posso apontar mais do que esse defeito.

Para que não fiquem dúvida sobre eventuais simpatias guterristas, relembro que aqui já muitas vezes defendi que Guerres é o responsável pelo pior período de governação desde 1975, pois que introduziu uma forma de fazer política e governar baseada na institucionalização do clientelismo, na total irresponsabilidade, no facilitismo, na permanente negociação e cedência aos grupos de interesses, tudo formas de actuar que, culturalmente, depois de iniciadas, são muito dificeis de remover, como ainda hoje se vê. Assim, as NU serão um palco onde ele se sentirá como peixe na água.

Por fim, creio que Guterres terá mesmo gosto pessoal neste novo cargo, o que é sempre um importante pressuposto para um bom desempenho e tem bons contactos internacionais, o que certamente facilitará a sua tarefa.

E, por favor, não me venham com a treta de que a sua escolha «muito honra Portugal» e outras bacoradas bacocas semelhantes do mais rasteiro e parolo nacionalismo.