A orwellização dos conceitos praticada no Bloco serve acima de tudo para que a liderança possa manter o poder num ambiente de aparente conciliação e participação democrática. Nada de verdadeiramente importante é decidido pela chamada democracia participativa, primeiro porque nada de verdadeiramente importante é aceite à discussão e depois porque todos os conflitos que restam são diluidos nos documentos sob a forma de palavras ocas sem qualquer sentido concreto ou com um sentido contrário aquele que normalmente têm.
Este método permite o desenvolvimento do duplopensar. Os militantes poderão reconhecer um líder do partido, que na prática será um líder com poder efectivo, e por outro, os mesmos militantes poderão continuar a dizer, e mesmo a pensar, que o partido não tem um líder, mas um coordenador que até nem tem poder e é igual aos outros. Claro que o duplopensar não muda a realidade. O verdadeiro poder continuará a residir no núcleo duro a quem alguns dos militantes menos envolvidos nos processos de democracia participativa e com menos expetência para duplopensar já acusam de falta de diálogo.
