Era uma vez uma linda menina, de seu nome Lusitânia. Esta menina, como qualquer adolescente, vivia de sonhos. Os seus pais, pós-modernos, davam-lhe tudo o que ela queria. Ela gastava, gastava, o que tinha e o que não tinha. Quanto mais os pais davam, mais ela gastava. Entre as amigas, era conhecida pela sua capacidade de pôr o cartão de crédito em «brasa». As exigências desta jovem caprichosa aumentavam, a um ritmo tal, que os pais começavam a não conseguir acompanhar tanto gasto. Na verdade, não há ordenado que acomode tanta despesa! Enquanto isso, as famílias vizinhas poupavam, poupavam. Na hora da verdade, «tinham dinheiro para tudo», enquanto que os pais da Lusitânia, para mandar cantar um cego na sua festa de anos, tiveram de recorrer ao crédito: «Dáa, dáa, dáa», respondeu a simpática senhora, do outro lado da linha, quando telefonaram a pedir a «massaroca» do cachet do simpático ceguinho, um imigrante de Leste que ficou em sexto lugar no Festival Eurovisão, na Lituânia.
A mãe, preocupada, dizia ao seu Zé: «Esta nossa filha não pára de gastar». O Zé, bom coração, respondia à sua Maria: «Deixá lá, Maria. Ela está a aproveitar aquilo que nós não aproveitámos».
De comer tanta porcaria, a Lusitânia engordou. A um ponto tal que, a dada fase, já nenhuma roupa lhe servia. Foi falar com os pais, a chorar, pedindo auxílio.
Os pais reuniram-se em Conselho de Ministros, para encontrar uma solução para este problema:
a) Solução «Gordura é Formosura»: o Pai entende que a solução passa por um aumento dos impostos, digo, da mesada; o orçamento deve equilibrar-se do lado da receita, digo, as calças novas devem conseguir tapar a barriga; o Estado deve poder gastar à fartazana, desde que não fique com o umbigo à mostra.
b) Solução «Magreza é Beleza»: a Mãe está farta de ver a filha a mandriar, e está disposta a gastar algum, mas só se for numa Lipoaspiração.
Se está a favor do Pai, ligue para o 0936 GO VER NO 99; se está a favor da mãe, não ligue, pois o telefone vai estar interrompido. O custo da chamada é dedutível no IRS, ao abrigo do artigo 1687-B, n.º 1, alínea a), do Estatuto dos Benefícios Fiscais (na redacção que lhe é dada pela Lei n.º 66/2005-Estamos todos lixados, de 24 de Maio - Diploma que aprova o Orçamento Rectificativo para o ano de 2005).
Quando é que será que o país poderá finalmente voltar a mostrar o seu umbigo?
Rodrigo Adão da Fonseca (Aceitam-se propostas profissionais oriundas de qualquer país da UE; também não me importo de trabalhar num país subdesenvolvido, desde que me paguem nas Cayman)