É perturbador analisar a tendência indomável dos partidos para se mimetizarem estruturalmente.
Para além dos credos e das ideologias, mais tarde ou mais cedo todos os partidos revelam aquilo que são: organizações vocacionadas exclusivamente para a conquista de poder. Sempre mais poder, sacrificando o que podem para lá chegar. Sobretudo, vitimando as vozes que se recusam a afinar o tom pelo que está estabelecido.
Nos partidos, em todos, vigora a indisputada premissa que assegura que o poder só se alcança se todos os que estão na estrutura marcharem com o mesmo passo e com igual ritmo. Quem sai da cadência sujeita-se a sanções disciplinares.
Nos partidos, em todos, há uma Direcção que dita as regras. E a oposição deve segui-las. Caso contrário, será acusada de «boicotar», de «lutar contra o partido» e de o «prejudicar politicamente».
É sempre assim. Pelo menos até chegar um momento de fraqueza da Direcção que permita à oposição tornar-se Direcção e passar a ser ela a regulamentar e a sancionar a oposição.
Nos partidos, em todos, o fim a atingir - o poder - vale mais do que qualquer ideia, valor, princípio, pudor ou promessa. Tudo se permite para o conseguir, desde que a máscara continue bem afivelada e a grande massa não perceba.
Tal como nos outros partidos, em todos, o Bloco também dizia ser diferente. Estranhamente muitos acreditavam, inclusivamente alguns dirigentes que baquearam na sua própria trapaça - o erro comum de todos os crédulos que julgam não o ser (e eles ainda abundam nos partidos, em todos).
Mas depois deste congresso, ninguém mais no Bloco poderá permanecer na ilusão de existir qualquer diferença. O Bloco é um partido como todos os outros. Quer o que todas as demais estruturas políticas pretendem. Como, não interessa. Mas certamente à custa de quem se lhes opuser.
Fico à espera dos futuros processos disciplinares a alguns dos melhores bloguers portugueses. A não ser que estes amansem. Veremos.