24.5.05

Aeroporto do Tejo

1. Em momento difícil para Portugal, caracterizado por grandes dificuldades no plano económico e financeiro, é particularmente importante ponderar cuidadosamente eventuais decisões com importantes implicações no plano atrás referido.

2. No que respeita à região de Lisboa e às infra-estruturas aeroportuárias que a servem, é sabido que, a manter-se a tendência para o aumento do número de passageiros por via aérea, o actual Aeroporto de Lisboa (AL) verá saturada a sua capacidade em data a atingir dentro de alguns anos.


3. Contudo, a eventual evolução no preço dos derivados do petróleo, bem como as eventuais alterações nas características do seu fornecimento, a longo prazo, parecem indicar que eventuais investimentos devam ser feitos de forma muito cautelosa.


4. Tomaremos como base de raciocínio, os seguintes pressupostos:
- A saturação do AL não é iminente.
- Não é claro que o desmantelamento do actual AL seja benéfico para a própria cidade de Lisboa, os interesses da qual devem ser tidos em conta.
- O modelo de um único aeroporto para uma dada metrópole não é aquele que se verifica em muitas grandes cidades, tais como Nova Iorque, Paris, Londres ou Milão, para citar apenas algumas.
- Não se dará como provado que seja necessário desmantelar o actual AL, com vista a aumentar a capacidade de tráfego aéreo na zona da capital portuguesa, colocando-se, em alternativa, a construção de um segundo aeroporto.
- Poderia seguir-se a metodologia de Paris: voos com diferentes proveniências terminam de preferência em Orly ou em Roissy.

4. A hipótese da construção do Aeroporto da Ota parece não ser comportável pela actual situação financeira do país, sendo de ponderar uma alternativa muito menos onerosa: a construção de um Aeroporto a Sul do Tejo, destinado a receber os voos com proveniência do Sul da Europa, do Brasil e de África, para além de Faro e do Funchal, com a manutenção do actual AL.

5. Salvo melhor opinião, seria de estudar com todo o pormenor, antes de a excluir, a hipótese de o referido e eventual segundo Aeroporto da região de Lisboa se situar no Montijo, na actual Base Aérea. A favor de tal hipótese concorrem a localização, a presença da ponte Vasco da Gama, a configuração das pistas, o facto de se tratar de um amplo terreno já detido pelo Estado e, last but not the least, a magnífica vista sobre Lisboa que se pode obter na margem do rio Tejo, um aspecto eventualmente muito interessante sob o ponto de vista turístico.

6. A hipótese atrás adiantada não exclui a manutenção da reserva dos terrenos da Ota para a eventual construção de um eventual terceiro Aeroporto, ficando a Ota, de momento, afecta a actividades militares. As actividades aéreas militares, se um dia se vissem privadas das pistas do Montijo e da Ota, poderiam vir a concentrar-se em Monte Real, local onde, de resto, as principais aeronaves (F 16, A7) têm estado situadas.

7. Para terminar, uma sugestão para o nome do eventual novo Aeroporto: para acompanhar o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, o Aeroporto Mário Soares. No caso de ser tecnicamente possível a localização no Montijo, o nome poderia ser Aeroporto do Tejo - Mário Soares.


José Pedro Lopes Nunes