Na semana passada, uma frase de Jorge Coelho, na Quadratura do Círculo, despertou a minha curiosidade, que partilhei aqui no Blasfémias.
Lendo o post do Gabriel Silva, aquilo que eram enigmas passaram a ser certezas: que existiam pressões várias fora do PS no sentido de alterar a lei do aborto sem recurso ao Referendo, já se sabia; que a serpente já tinha mordido uma série de socialistas, ao ponto do Largo do Rato parecer um pomar, é que é novidade.
O próprio esforço de VM, que decidiu hoje, no Causa Nossa, ao bom estilo das FAQ's, fazer um ponto de ordem sobre a questão, é paradigmático.
Espero que o PS resista à tentação de ignorar aquilo que foi uma das suas mais importantes promessas eleitorais: referendar nesta legislatura a questão do aborto. Mudar a lei sem recurso ao referendo até pode ser legal, mas defraudará milhares de eleitores, que votaram PS, deram a maioria absoluta a José Sócrates, mas que não querem ver a lei alterada sem recurso ao sufrágio directo e universal.
Se o PS não cumprir as metas do choque tecnológico, nenhum mal virá para a credibilidade da política: com franqueza, também ninguém acreditou nos 150 mil empregos. Se ficar pela metade, o povo até lhe ficará agradecido pelo esforço. Agora, nesta questão, claudicar, ao fim de sessenta dias de governação, será grave, muito grave, e levará à perda total da credibilidade do líder do PS e do seu partido.
Referende-se, em 2006. Mas não caiam na asneira de enganar os portugueses.
Rodrigo Adão da Fonseca