O principal motivo da crescente vaga de desemprego é o do encerramento sucessivo de empresas e a não substituição por outras que tomem os seus lugares, ao contrário do que vaticinava há algum tempo o então Ministro do Trabalho, Bagão Félix.
E as empresas fecham pelas simples e lapaliciana razão de que não podem continuar abertas. Por outro lado, não são abertas novas empresas, pelo menos na proporção das que encerram portas, porque não há dinheiro para investir, ou porque esse dinheiro prefere mercados mais rentáveis e seguros.
Posto isto, parece evidente que o problema do desemprego está em saber em como aumentar a existência de emprego privado, e não o emprego público e as subvenções sociais.
Ora, a verdade é que o Estado que temos asfixia de tal forma os cidadãos com encargos financeiros directos e indirectos, burocracia e serviços incompetentes, que é muito difícil acumular capital em Portugal para o poder investir, ou é muito pouco atraente para o capital estrangeiro vir aplicá-lo no nosso país.
Veja-se como é curioso que os resultados das medidas proteccionistas do emprego resultaram precisamente no inverso do pretendido: num desemprego galopante ou num emprego precário e de fraca qualidade.
É, por isso, chegado o tempo de interromper este ciclo miserabilista, esta espécie de pescadinha de rabo na boca em que o Estado português transformou o país em que vivemos: para manter a nossa miséria, presta-nos serviços que considera indispensáveis, a custos reais elevadíssimos e de qualidade inferior. Tais serviços incluem estações de televisão, companhias aéreas, aeroportos, bancos, empresas de águas, saneamentos, luz, forças armadas convencionais, escolas e universidades «gratuitas», para os quais são necessários centenas de milhares de funcionários sem estímulo de produtividade e cuja competência e eficiência são raramente ponderadas.
As «medidas urgentes» de que, de facto, o país necessita são do lado da despesa pública e não da receita. Isto é, se se continuar a empobrecer os contribuintes, continuará a crescer o empobrecimento nacional e o desemprego. Se lhes for permitido acumular capital e se forem criadas regras saudáveis para a implementação de empresas, talvez cresça o investimento nacional e estrangeiro. Por palavras muito simples, só investe quem tem e quem acha que vai ganhar com isso. Se continuarmos apegados ao nosso miserabilismo proteccionista, só nos continuaremos irremediavelmente a afundar.