Rua Rodrigues Sampaio, trânsito congestionado.
"Abre" o sinal verde. Só três carros conseguem passar. Pois sim. Está uma viatura mal parada - não em segunda fila - mas literalmente estacionada em cima do semáforo, à entrada da Duque de Loulé, na segunda faixa de rodagem.
Quando consigo finalmente chegar ao cimo da rua, aproxima-se o condutor da viatura mal estacionada, portador de um simpático bigode, de jornal debaixo do braço. A sua "curva da felicidade" impede-o de fazer movimentos bruscos, razão pela qual entrou no carro com manifesta calma.
Nada de especial, se o carro não fosse um Nissan qualquer-coisa (apetece-me escrever merda, mas vou, apesar de tudo, manter o nível) da Polícia Municipal, e o chefinho não estivesse fardado. A matrícula? 57-77-RD. É por estas e por outras que os chineses dominam o mundo: aqui, em Portugal, só nos dão música celestial: é já um lugar-comum, mas realmente o Fedorento é que tem razão: "Eles falam, falam, falam...". Estou mesmo chateado. Ai, estou, estou. Em vez de tanta teoria, cartazes, e acções cívicas de sensibilização, deviam mas é começar a pagar as promessas eleitorais: choque tecnológico a sério era mesmo electrocutar estes chefinhos que, antes de iniciarem a caça à multa, vão babar-se para uma esquina qualquer com as belas e perigosas, ou com poster central d'A Bola, starring Nuno Gomes...
É bem verdade que existem polícias que levam a sério a sua profissão - sejamos justos. Mas, infelizmente, histórias como esta, ocorrem diariamente por todo o país. É por estas e por outras que Portugal, em vez de um país a sério, continua a ser o "País dos Rodinhas".
Rodrigo Adão da Fonseca
