"Falso e perigoso"
«Os Estados da União Europeia (UE) acordaram há semanas as novas regras de aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC). Muitos pensaram que o PEC tinha morrido. Nada mais falso e perigoso.» (Ministro das Finanças, em artigo no Público de hoje).
e acrescenta o seguinte comentário:
O problema é que, além de o pensarem, houve muitos comentadores (ir)responsáveis que o afirmaram!
Deixo vários comentários para reflexão:
1. Se o PEC não está morto, porque é que é preciso dizer que ele está vivo?
2. O governo já está em funções há quase dois meses. Alguém deu pela acção pedagógica do Ministro Finanças ou do Primeiro Ministro explicando a necessidade de contenção da despesa?
3. A tentativa de criar uma imagem de confiança e a crítica ao discurso da tanga não estão a criar um clima de despesismo no sector público?
4. Esse clima de despesismos não é agravado pelos constantes anúncios de medidas que custam milhões aos cofres públicos?
5. Não foi o próprio governo, Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças incluidos, que deu a entender que o problema do défice se resolvia com a revisão do PEC?
6. Porque é que o anúncio da morte do PEC é perigoso? Porque é que os comentadores que o dizem são irresponsáveis? Será que é porque o Ministro das Finanças é incapaz de conter o despesismo dos restantes ministros e precisa da ajuda de comentadores?
7. Alberto Martins, líder parlamentar do PS, quando diz:
O défice é um instrumento necessário e fundamental para garantir o crescimento económico pela vias da competitividade nacional. Se se pretende no imediato outra coisa, não contem connosco.
não estará a dizer que o PEC não interessa para nada? Não estará a ser irresponsável?
8. Finalmente, o ponto mais importante: a contenção da despesa pública deve ser feita pelos seus próprios méritos, ou por causa do PEC? Na hipótese de o PEC estar mesmo morto, deixamos de ter motivo para cortar nas despesas?