António Barreto, no Público (link não disponível), na sua prosa sempre brilhante mas cada vez mais incoerente e inconsequente, pretende dizimar a hipótese da regionalização administrativa.
Usando argumentos estafados e imagens que a realidade presente tornou velhas, AB reincide na sua errada perspectiva acerca da lei de limitação dos mandatos autárquicos confundindo esse seu "moínho de vento" com o vasto naipe de fantasmas que ele julga atormentarem o país. O seu texto termina assim:
«Entretanto, a justiça deriva. A educação resvala. A segurança social afunda-se. As exportações diminuem. O défice agrava-se. E a corrupção continua. Que importância rem isso? Aparentemente, nenhuma.»
As razões descritas por AB parecem retiradas do argumentário de qualquer regionalista que se preze.
Desde logo, porque esse estado de coisas foi adquirido e sustentado pelo sistema mais centralista que a Europa conhece - aliás, todo o mundo civilizado - há mais de 20 anos: o português! De facto, não existe administração governamental tão congestionada de poderes como a nossa. Em lado nenhum de continente algum.
Ou será que AB e aqueles que com ele concordam julgam que a inexistência de uma organização administrativa descentralizada racionalmente, com um nível intermédio de Administração que ponha um fim à obssessiva centralização em que estamos - ainda hoje, com índices quase-salazaristas - e a sua conclusão de se ter gerado um país em que «a justiça deriva. A educação resvala. A segurança social afunda-se. As exportações diminuem. O défice agrava-se. E a corrupção continua», se trata de uma mera coincidência???
Será que AB e os seus não conseguem alcançar que o estado do país que tanto atacam é um lídimo filho do centralismo administrativo e intelectual?
Será assim tão difícil concluir que a reforma do Estado e a evolução do país passa, essencialmente, pela alienação de poderes governamentais para níveis administrativos mais próximos dos cidadãos?
Regionalização, outra vez? Claro que sim! Mais cedo ou mais tarde, porque não há outra solução.