12.4.06

«O que aconteceria em Portugal se o tivéssemos feito?»

Após a leitura deste texto publicado pelo Jornal de Angola recomendo uma ida diária ao site do dito jornal. Trata-se dum exercício muito útil e elucidativo.
Confesso que no meio deste arrazoado todo existe uma expressão que me fascina até porque em Portugal ela foi caindo em desuso. Trata-se das «centrais de intoxicação». Há algum tempo que não encontrava a referência a tal instalação. Para lá do folclore e da verborreia desta prosa creio que este é um texto a ter em séria conta. Por exemplo o que querem dizer as frases que sublinhei? A quem se dirige o aviso «O que aconteceria em Portugal se o tivéssemos feito?» E quem é este nós que acha que o poderia ter feito?


«A visita oficial do Primeiro-Ministro português a Angola foi um êxito a todos os níveis e marcou o início de uma nova era de relações entre o nosso país e Portugal. José Sócrates e a sua delegação trouxeram um abraço de solidariedade e de amizade do povo Português ao povo Angolano. O diálogo franco e aberto que se estabeleceu entre os mais altos dirigentes dos dois países ajudou a enterrar velhos fantasmas e estabeleceu-se um clima de confiança. Estão criadas todas as condições para aprofundarmos uma relação fraterna, própria de povos que têm uma vivência comum de séculos.
Por isso, dificilmente se compreende que muitos órgãos de Informação portugueses tenham desencadeado um coro de insultos contra os mais altos dirigentes angolanos e toda a espécie de mentiras sobre o nosso regime e as nossas instituições. Os fantasmas do colonialismo explicam muito deste comportamento. O racismo, numa primeira linha, responde por esta campanha bizarra. Mas a ignorância também joga um papel importante neste autêntico festival de mentiras e calúnias. Muitos líderes de opinião portugueses que se têm destacado nesta campanha caluniosa contra Angola e os seus governantes desconhecem em absoluto o nosso país ou apenas têm conhecimento dele pelas informações que lhes são oferecidas por centrais de intoxicação.
Entre eles estão antigos turistas da Jamba que faziam parte da lista de pagamentos de Jonas Savimbi. Nesse grupo de comerciantes da honra está o caricato Director do Jornal ?Público? que sem nunca ter posto os pés no nosso país destila em forma de escrita canhestra opiniões fundadas na ignorância e na provocação. Pelos vistos, há escribas que têm sempre um dono pronto a pagar-lhes. Ontem era Savimbi, hoje sabe-se lá quem é. Mas publicar opiniões sobre algo que não se conhece, é de um atrevimento inaudito. Portugal merecia melhor que estes indigentes mentais que publicam desvairados recados a troco de uns tostões. Que lhes façam bom proveito.
Qualquer mentecapto compreende que levantar um coro de insultos contra o Presidente da República de Angola, contra os nossos governantes e empresários, não é um acto amistoso. Nenhum jornalista angolano, nenhum comentador, nenhum líder de opinião lembrou à comitiva portuguesa que o direito ao emprego faz parte do elenco dos Direitos Humanos. Ninguém se lembrou de investigar os governantes portugueses por terem permitido que crianças à guarda do Estado Português tivessem sido abusadas sexualmente. Ninguém fez a lista dos corruptos que, segundo magistrados portugueses, crescem como cogumelos à sombra do aparelho de Estado e estão a exaurir a riqueza de Portugal. O que aconteceria em Portugal se o tivéssemos feito? Ainda temos bem presente as reacções dos órgãos de Informação portugueses quando um dirigente angolano opinou sobre membros da família Soares. Não trataram de saber se as declarações eram verdadeiras ou falsas. Foram logo catalogadas de insultos e geraram ondas de indignação. A libertação de Angola das garras do colonialismo doeu a muita gente em Portugal. Ainda dói. Mas esses saudosos do colonialismo, esses racistas dementes, têm de se habituar, de uma vez por todas, que os angolanos são senhores do seu destino. E os partidos políticos angolanos, as nossas instituições não precisam de vozes de burros para se fazerem ouvir. Em Angola existe liberdade de expressão, ninguém precisa de voz de donos que ninguém sabe donde lhes vem a legitimidade democrática. A nossa vem da luta, do combate heróico contra o colonialismo e o fascismo.
A nossa liberdade foi construída nos campos de batalha. Para conquistá-la, ficamos cheios de feridas e muitas delas, ainda estão abertas. A visita do Primeiro Ministro português a Angola ajudou a curar algumas. Será por isso que choveram os insultos e as calúnias contra o Presidente da República de Angola e os nossos governantes? A amizade entre os nossos povos tem muitos inimigos!»